terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Anarkia na Grécia



ESTUDANTES INVADEM ESTÚDIO DE TV E INTERROMPEM NOTICIÁRIO EM PROTESTO NA GRÉCIA

Cerca de 20 estudantes ocuparam nesta terça-feira o prédio da rede de televisão estatal grega, interrompendo uma transmissão de noticiário. A invasão foi mais um protesto contra a morte de um adolescente baleado pela polícia no último dia 6.

"Eles vieram pacificamente. Não foi usada força e eles pediram para protestar no ar sobre a morte do jovem", disse um policial, que não quis se identificar.
O canal mostrou imagens dos manifestantes durante alguns momentos, antes de mudar bruscamente para comerciais e imagens do conservador primeiro-ministro, Costas Karamanlis, discursando aos parlamentares nesta terça-feira.
O protesto pacífico foi uma exceção nos 11 dias de protestos em toda a Grécia contra a morte de Alexis Grigoropulos, 15. O incidente aconteceu às 21h do sábado (6) (16h, no horário de Brasília), na periferia de Atenas.
De acordo com a polícia, Grigoropulos foi atingido por três tiros dados pelo policial Epaminondas Korkoneas, 37, quando, com outros 30 jovens, atirava pedras e outros objetos contra um carro da polícia. Korkoneas, que alega não ter atirado intencionalmente em Grigoropulos, está na prisão de Korydallos.
O relatório de balística ainda não foi divulgado, mas pode esclarecer se o agente atirou intencionalmente contra o jovem ou se a bala atingiu Alexis após um disparo para o ar, como alega a defesa do agente.
Também nesta terça-feira, um grupo de jovens atacou um prédio usado pela polícia que controla o trânsito em Atenas, e entraram em confronto com os agentes.
A polícia afirmou que um grupo de cerca de 30 jovens jogou bombas e pedras no prédio, causando danos a sete carros e um ônibus da polícia, estacionados do lado de fora do prédio.
A violência marcou esta terça-feira em Atenas, com alunos bloqueando ruas e dezenas de adolescentes reunidos do lado de fora de uma prisão de segurança máxima, onde jogaram pedras nos policiais.
Protestos semelhantes estão marcados para outras partes da cidade na tarde desta terça-feira. As aulas foram canceladas em mais de cem escolas de ensino médio e diversas universidades do país foram ocupadas.
Nesta terça-feira, Karamanlis afirmou que os distúrbios causados pelos jovens e sindicalistas em todo o país complicaram os esforços grego para reduzir sua dívida pública.
" O problema da dívida pública grega está relacionado com o custo dos empréstimos, mas foi exacerbado pelos últimos incidentes que afetam a imagem do país", disse Karamanlis em uma reunião com parlamentares.
A dívida pública grega chegou a 93% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2008. Em 2009, o país europeu tem vencimentos no valor de 12 bilhões de euros (16 bilhões de dólares), equivalentes a 19% de sua renda e 5% de seu PIB, de acordo com Karamanlis.
O primeiro-ministro anunciou na semana passada um conjunto de medidas para compensar as perdas dos comerciantes nos protestos violentos. Em mensagem à nação, ele disse que os pequenos e médios estabelecimentos receberão uma ajuda inicial de 10 mil euros (R$ 31,4 mil). O Estado pagará 50% dos danos sofridos e cobrirá também metade dos empréstimos para reabrir os negócios, enquanto o resto se obterá com garantias estatais.
No discurso na TV, ele afirmou que os bancos darão um prazo de 15 anos para os empréstimos aos comerciantes pela perda de mercadoria e outros 15 anos para reconstruir os estabelecimentos destruídos.
O plano de ajuda aos comerciantes inclui ainda a suspensão da cobrança de dívidas contraídas pelos comerciantes com o Estado por um prazo de três meses e uma ajuda extra aos empregados das lojas que não conseguirem abrir até o fim da temporada natalina de vendas.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u480091.shtml"

Comunicado da Assembleia da ocupação da Universidade Politecnica



No sábado 6 de dezembro de 2008, Alexandros Grigoropoulos, um companheiro de 15 anos de idade, foi assassinado a sangue frio, com uma bala no peito, por Epaminondas Korkoneas, da guarda especial da força policial na área de Exarchia.


No sábado 6 de dezembro de 2008, Alexandros Grigoropoulos, um companheiro de 15 anos de idade, foi assassinado a sangue frio, com uma bala no peito, por Epaminondas Korkoneas, da guarda especial da força policial na área de Exarchia.

Ao contrário das declarações de políticos e jornalistas que são cúmplices do assassinato, este não foi um "evento isolado", mas uma explosão da repressão do estado, que sistematicamente e de maneira organizada mira naqueles que resistem, aqueles que se revoltam, os anarquistas e antiautoritaristas.

É o pico do terrorismo de estado, que se expressa com a elevação do papel dos mecanismos repressores, seu contínuo armamento, os crescentes níveis de violência que usam, com a doutrina de "tolerância zero", com a propaganda da mídia caluniadora que criminaliza todos aqueles que lutam contra autoridade.

São estas condições que preparam terreno para a intensificação da repressão, numa tentativa de extrair consenso social de antemão, e o equipamento das armas do estado com uniformes, que estão atacando as pessoas que lutam, a juventude, os desgraçados revoltos em todo o país.

Usar de violência letal contra as pessoas em uma luta social e de classes é contar com a submissão de todos, servindo como punição exemplar, com a intenção de espalhar o medo.



É a escalada do ataque generalizado do estado e dos patrões contra toda a sociedade, para impor condições de exploração e opressão mais rígidas, para consolidar o controle e a repressão. Um ataque que se reflete todos os dias na pobreza, exclusão social, na chantagem para que nos ajustemos a um mundo de divisão social e de classes, na guerra ideológica lançada pelos mecanismos de manipulação dominantes (a mídia de massa). Um ataque raivoso em todos os espaços sociais, demandando dos oprimidos sua divisão e silêncio. Das celas das escolas e universidades aos calabouços da escravidão remunerada com centenas de trabalhadores mortos nos chamados "acidentes de trabalho" e sua pobreza acolhendo uma grande parte da população... Dos campos minados nas fronteiras, pogroms e assassinatos de imigrantes e refugiados, aos numerosos "suicídios" em prisões e estações de polícia... dos "tiros acidentais" em bloqueios policiais, à repressão violenta de resistências locais, a Democracia mostra seus dentes.

Nestas condições de exploração e opressão violentas, e contra as trapaças e pilhagem que o estado e os patrões estão lançando, passando como herança a força de trabalho dos oprimidos, suas vidas, dignidade e liberdade, o sufocamento social acumulado está acompanhando a erupção da ira nas ruas e barricadas pelo assassinato de Alexandros.

Do primeiro momento após o assassinato de Alexandros, demonstrações espontâneas e levantes ocorreram no centro de Atenas, as escolas Politécnica, de Economia e de Lei estão sendo ocupadas e ataques contra o estado e alvos capitalistas têm ocorrido em diferentes bairros e no centro da cidade. Manifestações, ataques e conflitos explodem em Thessaliniji, Patras, Volos, Chania e Heraklion em Creta, em Giannena, Komotini, Xanthi, Serres, Sparti, Alexantroupoli, Mytilini. Em Atenas, na rua Patission -- fora das escolas Politecnica e de Economia -- os conflitos duraram a noite inteira. Fora da Politécnica, a tropa de choque da polícia faz uso de balas de plástico.

No domingo, 7 de Dezembro, milhares de pessoas se manifestaram em direção aos quartéis generais da polícia, em Atenas, atacando a tropa de choque. Conflitos de tensão sem precedentes se espalharam pelas ruas do centro da cidade, durando até tarde da noite. Muitos manifestantes estão machucados e alguns estão presos.

De segunda de manhã até hoje, a revolta se espalhou, e se tornou generalizada. Os últimos dias foram cheios de incontáveis eventos sociais: manifestações de estudantes de ensino médio militantes terminando -- em muitos casos -- em ataques contra estações de polícia e conflitos com policiais nos bairros de Atenas e no resto do país, massivas manifestações e conflitos entre manifestantes e a polícia no centro de Atenas, durante os quais há assalto a bancos, grandes lojas de departamento e ministérios, cerco ao parlamento na praça Syntagma, ocupações de prédios públicos, manifestações terminando em levantes e ataques contra o estado e alvos capitalistas em diferentes cidades.

Os ataques da polícia contra a juventude e geralmente contra pessoas que estão lutando, as dezenas de prisões e espancamento de manifestantes e, em alguns casos, a ameaça aos manifestantes pelos policiais abanando suas armas, bem como sua coperação com matadores -- como no incidente de Patras, quando policiais junto com fascistas atiraram contra os rebeldes da cidade --, são os métodos pelos quais os cães uniformizados do estado estão implementando a doutrina da "tolerância zero", sob os comandos dos patrões políticos, de forma a suprimir a onda de revoltas que foi disparada no sábado a noite.

O terrorismo do exercito de ocupação da polícia é completado com a punição exemplar daqueles que são presos e agora encaram graves acusações que os levarão para o encarceiramento:

Na cidade de Larissa, 8 pessoas foram presas e estão sendo processadas com base na lei "anti"-terrorista, e estão encarceiradas sob acusação de "organização criminal". 25 imgrantes que foram presos durante os protestos em Atenas estão tendo as mesmas acusações. Também em Atenas, 5 dos presos na segunda-feira foram encarceirados, e mais 5 que foram presos na quarta-feira estão sob custória, e serão levados ao promotor na próxima segunda-feita, sob acusações criminais.

Ao mesmo tempo, uma guerra de propaganda enganosa tem sido lançada contra as pessoas que estão lutando, abrindo caminho para repressão, para o retorno à normalidade de injustiças sociais e submissão.

Os eventos explosivos logo após o assassinato causaram uma onda de mobilização internacional em memória a Alexandros e em solidariedade com os revoltosos que estão lutando nas ruas, inspirando um contra ataque ao totalitarismo da democracia. Concentrações, manifestações, ataques simbólicos a embaixadas gregas e consulados e outras ações de solidariedade têm ocorrido em cidades de Chipre, Alemanha, Espanha, Dinamarca, Hoanda, Grã-Bretanha, França, Itália, Polônia, Turquia, EUA, Irlanta, Suécia, Suíça, Ausrtalia, Slovakia, Croácia, Rússia, Bulgaria, Romênia, Bélgica, Nova Zelândia, Argentina, México, Chile e muitos outros lugares.

Nas barricadas, nas ocupações, nas manifestações e nas assembléias, nós mantemos viva a memória de Alexandros, mas também a memória de Michalis Kaltezas, Carlo Giuliani, Michalis Prekas, Christoforos Marinos e todos os companheiros que foram assassinados pelo estado. Nós não esquecemos a guerra de classes sociais na qual esses companheiros caíram e nós mantemos aberta a frente de uma total recusa ao mundo caquético da Autoridade. Nossas ações, nossas tentativas, são as células vivas do mundo livre e insubordinado que sonhamos, sem mestres e escravos, sem polícia, exércitos, prisões e fronteiras.

As balas dos assassinos de uniforme, as prisões e espancamentos de manifestantes, a guerra de gás químico lançada pelas forças policiais, o ataque ideológico da democracia, conseguem impor medo e silêncio, mas também são a razão para que as pessoas levantem contra o terrorismo de estado seus prantos da luta por liberdade, para abandonar o medo, e se encontrarem -- mais e mais cada dia, os jovens, estudantes de ensino médio ou universidade, imigrantes, desempregados, trabalhadores -- nas ruas da revolta. Deixemos a ira transbordar para inundá-los!

O ESTADO, OS PATRÕES, SEUS MATADORES E SEUS LACAIOS ESTÃO ZOMBANDO DE NÓS, NOS ROUBANDO E NOS MATANDO!

VAMOS NOS ORGANIZAR, CONTRA-ATACAR E ESMAGÁ-LOS!

ESTAS NOITES PERTENCEM A ALEXIS!

IMEDIATA LIBERTAÇÃO DE TODOS OS PRESOS

Estamos mandando nossa solidariedade para todos que estão ocupando universidades, escolas e prédios estatais, manifestando-se e entrando em conflito com os assassinos do estado por todo o país.

Estamos mandando nossa solidariedade a toso os companheiros de fora que estão se mobilizando, transferindo nossa voz para todos os lugares. Na grande batalha por liberação social global, nós estamos juntos!

A Ocupação da Universidade Politécnica de Atenas,

Sexta-Feira, 12 de dezembro de 2008

A assembleia da Ocupação ocorre todo dia às 20h na Politécnica.
FONTE: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/12/435218.shtml