quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ESTÃO DESCENDO A MONTANHA... "O RESGATE DOS RECHAÇADOS" Uma proposta de resgate dos autores anarquistas rechaçados na geografia



Muito nos inquietavam inúmeras citações sobre esses dois percussores da geografia radical; Elisée Reclus e Piotr Kropotkin. A referência a eles dentro das obras da academia soa para nós como citações de orelha de livro, já que muito pouco se fala naqueles em que vida e obra confundem. Foram aqueles como muitos anarquistas injustiçados, rechaçados até certo ponto, por não venderem sua ideologia em troca do privilégio e do reconhecimento no meio burguês das universidades.
Perceberam em época a necessidade de se fazer uma geografia voltada para o social, onde historicamente o homem luta para se tornar livre de maneira coletiva, enxergando em todos a sua verdadeira importância. Lamentavelmente, nossos clássicos como La Blache, Ratzel, Humboldt e outros, praticaram uma geografia refém do poder, sob a égide de seus nocivos Estados, forjando o conhecimento aos interesses coloniais. Esses sim possuem suas cátedras intocáveis nos centro de excelência de ensino de todo o mundo, parecendo nos denunciar que existe um abismo quase infinito entre vida e obra. Lacoste já nos alertava, quando discorria sobre a natureza da geografia, dizendo a sua verdadeira finalidade, a ideologia intrínseca da época.
Devemos dar sim a verdadeira importância a Elisée e Piotr, ao invés de acusá-los de meros copiadores ordinários, como muitos seguidores do senhor Marx proferiram pelos seus escritos, esses dois anarquistas foram os percussores da geografia, ao perceberem o mundo contraditório que os cercam e que a leitura de classes da sociedade fossilizada incrustada nas mãos de messias salvadores do universo não tornaria o individuo um ser completo isento de castrações intelectuais, morais, sociais e econômicas, como apregoava os espíritos justos da época. Como diria o próprio Reclus – “acreditamos que a ausência de governo é a anarquia, a mais elevada expressão da ordem”. Muitas pessoas de hoje nos dizem que o anarquismo é uma abstração impossível de se realizar. Entendemos que essa afirmação só revela o medo de assumir o nosso compromisso como cidadão em lutar por um mundo justo, sem classes, solidário, enfim, um mundo onde não existam parasitas de nenhuma espécie. Para tanto, existe uma proposta entre nós, de se promover a devida relevância desses teóricos libertários, pelo resgate tanto da suas obras teóricas como suas experiências de vidas, uma vez que elas contribuíram significativamente para nossa formação como pessoas, através do “mostrar” como a geografia pode ser.

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